No Pará a média para o aluno ser aprovado na Rede Estadual de Ensino é um vergonhoso 5 (cinco) e ainda assim as escolas insistem em fazer projetos irresponsáveis que substituem o ensino em sala de aula por colagens de papel crepom e iupi uha. Há quem defenda “fundamentalisticamente” esses projetos argumentando que o ensino tradicional é ultrapassado e bla, bla, bla...
Posso concordar em parte, mas insisto em fazer uma pergunta que considero pertinente: esse aluno, que num projeto desse tipo chegou a receber sete pontos em todas as matérias durante o ano, realmente aprendeu o conteúdo das disciplinas ofertadas? Vou dar um exemplo de uma escola estadual de ananindeua:
- Festa junina: 1,0. Aprendeu a armar a barraca e a dançar um forrozinho, mas não sabe fazer uma operação com raiz quadrada e vai levar pau no vestibular;
- Desfile Escolar: 1,0. Aprendeu a desfilar (será?), mas não sabe escrever nem falar a língua pátria corretamente e vai levar pau no vestibular;
- Gincana: 3,0. Aprendeu a arrecadar alimento e agitar uma torcida, mas não entende o significado de palavras simples para compreender sua própria história (como democracia, por exemplo) e vai levar pau no vestibular.
- Oficina de arte 2,0. Aprendeu a colar papel, costurar e bater uns pregos, mas não sabe fazer um cálculo simples de física e vai levar pau no vestibular.
É inegável que o aluno adquiriu algum conhecimento, que alguma coisa foi assimilada, mas será que a função da escola foi cumprida?
Não podemos substituir o conteúdo programático por atividades e aprendizados que deveriam acontecer no extraclasse. Esse é um erro brutal.
Um dos resultados sintomáticos que tenho observado nesse último bimestre é o total desinteresse do aluno pelo conteúdo.
Tenho ministrado aulas para cinco ou seis alunos em turmas que deveriam ter em média 35 presentes. Por que isso acontece? Por que a maioria já está aprovada.
Levando adiante o raciocínio sobre o caso, podemos chegar à conclusão de que, sendo a média cinco e o aluno recebeu sete pontos de “projetos”, isso quer dizer que ele pode se dar ao luxo de dispensar o ensinamento de um bimestre inteiro (e mais um pouco). Esse bimestre é justamente o último de cada ano. O mais improdutivo.
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